Os militares e o segundo governo Vargas (CPDOC)
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![]() O clima de dissensão esteve presente já na indicação do general Estillac Leal, um expoente da ala "nacionalista", para ministro da Guerra, que foi mal recebida por círculos militares mais conservadores. A ala "nacionalista" defendeu a neutralidade brasileira na Guerra da Coréia (1950-1953), a campanha pela criação da Petrobras e o monopólio estatal do petróleo. Por seu lado, a tendência autodenominada "democrática" defendia o alinhamento com os Estados Unidos na Guerra da Coréia e a participação de grupos privados na exploração do petróleo, e criticava duramente a "infiltração comunista" nas Forças Armadas. Alguns generais dessa tendência fizeram críticas públicas ao governo, como os generais Euclides Zenóbio da Costa, veterano da FEB e comandante da Zona Militar Leste e da 1ª Região Militar, e Canrobert Pereira da Costa. Em fevereiro de 1954 foi tornado público um documento que ficou conhecido como Manifesto dos Coronéis, assinado por 81 oficiais superiores do Exército, muitos deles ligados à Cruzada Democrática. O documento, que foi enviado ao ministro da Guerra, protestava contra a falta de recursos para o Exército e contra a proposta do governo de dobrar o valor do salário mínimo, apresentada pelo ministro do Trabalho, João Goulart. O episódio levou à substituição do ministro do Exército pelo general Zenóbio. Em maio seguinte, a Cruzada Democrática venceu novamente as eleições do Clube Militar, agora com uma chapa encabeçada pelos generais Canrobert e Juarez Távora. A perda de apoio militar do governo precipitou-se quando, na madrugada de 5 de agosto de 1954, o jornalista e candidato a deputado federal pela UDN Carlos Lacerda sofreu um atentado, no qual morreu o major-aviador Rubens Vaz, integrante de um grupo de oficiais da Aeronáutica que lhe dava proteção durante a campanha eleitoral. Sem confiar na ação da polícia, a Aeronáutica instaurou um IPM na Base Aérea do Galeão para investigar o episódio. Pelo poder de que desfrutou, esse IMP ficou conhecido como "República do Galeão". Diante dos indícios de envolvimento da guarda pessoal de Getúlio no atentado, oficiais da Aeronáutica passaram a exigir a deposição do presidente, numa pressão crescente. No dia 23, o almirantado aderiu à causa da Aeronáutica, e 37 dos 80 generais do Exército que exerciam funções de comando no Rio de Janeiro assinaram um memorial a favor da renúncia de Vargas. Sem apoio efetivo na área militar, Vargas suicidou-se na madrugada de 24.
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http://www.cpdoc.fgv.br/nav_gv/htm/3E_ele_voltou/Os_militares_e_o_segundo_governo_Vargas.asp
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